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Open Letter #2

Olá <<First Name>>.

Esta é a segunda Open Letter desta viagem.

Vem um pouco mais tarde do que o inicialmente previsto. Por vezes, a vida (ou o universo) troca-nos as voltas daquilo que planeamos, mas também é o que lhe dá a magia, não é verdade?

Não sabes o que é? Bom, no fundo, é uma forma de eu partilhar algumas histórias, jornadas ou pensamentos contigo, em torno da fotografia, claro! Coisas que não fazem sentido partilhar nas redes sociais, por exemplo. Se tiveres perguntas ou curiosidades, estou à distância de um email.

Raw Care (2021)

A Inocência do Corpo

Na última Open letter #1 - Paisagem do Corpo*- falava do momento em que me apaixonei por corpos e por pele. Falava também sobre a necessidade de quebrar os (pré-)conceitos associado ao corpo e elevá-lo a algo maior que isso. Devolver-lhe a sua inocência.

E é precisamente sobre isso que te venho falar hoje: A Inocência do Corpo

*Fiz um convite em forma de exercício. Terei muito gosto em ler a tua partilha, se assim o quiseres fazer.

Quarantine, Ensaio Sobre Isolamento (2020)

i·no·cên·ci·a nome feminino

1. Qualidade ou estado de inocente.

2. Ignorância do mal; pureza; simplicidade, ingenuidade.

3. Isenção de culpa.

"inocência", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa

Quarantine, Ensaio Sobre Isolamento (2020)

Porquê falar de inocência de um corpo?

Porque inocência vem, a meu ver, agregado a naturalidade. E haverá coisa mais natural que é um corpo e a pele que o reveste?

Quarantine, Ensaio Sobre Isolamento (2020)

Crescemos a olhar o nosso corpo como algo proibido - na minha perspectiva enquanto mulher. [Homens, sentem o mesmo?]

De que não podemos tocar-nos, de que não podemos olhar-nos, de que não podemos mostrar-nos. (Deveria trocar “podemos” por “devemos”?) Que o simples facto de nos arranjarmos, de usar algo que “denuncie” o nosso corpo, estamos a pisar uma certa linha que nos torna incorretas e impuras.

Quarantine, Ensaio Sobre Isolamento (2020)

Mas o que pode haver de impuro num corpo?

É ele que nos transporta dos pontos A aos pontos B, que nos protege, que guarda na sua memória as nossas emoções (pois é! estas não ficam apenas gravadas na mente, seja ela consciente ou inconsciente), que nos permite sentir o toque - o nosso e do outro, …

… [o que mais faz o teu corpo por ti?] …

Quarantine, Ensaio Sobre Isolamento (2020)

Ora então, porque não olhá-lo e admirá-lo com essa 2. Ignorância do mal; pureza; simplicidade, ingenuidade?

Quando comecei a fotografar-me, mal imaginava onde o caminho que esta vida-projecto me iria levar:

  • Comecei por criar auto-encenações. De personas que imaginava que poderia ou queria ser (já lá vão 11 anos!).

  • Depois, e a par com um trabalho um tanto ingrato enquanto modelo fotográfico, surge este questionamento na contradição do Eu fragmentado e uma identidade desconstruída. Colocando o corpo ao lado de objectos do quotidiano, onde estes tentam uma mesclagem artificial, numa sociedade que privilegia a estética e o corpo - Ruptio (2017).

Ruptio (2017)

É-nos incutido também que o amor e a nossa validação vem sempre do outro, criando assim uma dependência pela valorização externa vs interna. Que a intimidade se resume também ao contacto físico e que por isso, muitas vezes, é reduzida ao sexo.

  • Nesta sequência, surge o Cubiculum (2020), quando a relação com o outro se restringia ao âmbito profissional e a entrada nos quartos de hotel afastavam as pessoas, cada um para o seu mundo interior.

Cubiculum (2020)

Com os impedimentos das viagens por este mundo fora e a privação do contacto com o outro, obrigada a uma nova aprendizagem do quotidiano, cria-se uma relação mais estreita com o Eu. A fotografia, uma vez mais, permitiu fazer uma viagem ao interior de mim, criando uma oportunidade de aceitação e descoberta do que é íntimo.

  • Em Quarantine, Ensaio sobre Isolamento (2020), a procura por uma intimidade (ou cumplicidade, se assim preferires) passou a ser feita na relação entre a câmera-corpo, restrita pelas paredes do espaço que habitava.

Quarantine, Ensaio Sobre Isolamento (2020)

Foi nesta exploração, na relação interior-exterior e na dedicação à criação, que a atenção ao detalhe se potenciou.

Quarantine, Ensaio Sobre Isolamento (2020)

Onde as pequenas “falhas” ou “defeitos” ganham voz e se mostram, também elas, na sua beleza. Naquilo que significam e nas memórias que guardam.

Há estudos que mostram que, uma das formas de nos reconciliarmos com traumas ou memórias menos positivas é através do corpo e do seu movimento, os quais são trazidos à consciência e, por sua vez, libertados.

Tomarmos consciência e olharmos o nosso corpo no seu todo, em cada parte que o compõe e aquilo que representa na formação da nossa identidade, é uma forma de aceitação e vivermos em harmonia com quem somos.

Quarantine, Ensaio Sobre Isolamento (2020)

A sua Inocência está precisamente nisso: Olharmos os corpos como ferramentas que nos protegem, que nos potenciam e nos permitem curar (na verdade, esta palavra dá a sensação de que curamos algo que estava errado e não é tanto por aí). É antes um reprogramar.

Fazer as pazes.

Quarantine, Ensaio Sobre Isolamento (2020)

É também acolher aquilo a que chamam de criança interior e permitir que sejamos guiados por este olhar inocente.

E um olhar inocente não é oposto a ver beleza ou ignorar as nossas emoções ou sensações.

É dar-lhe a liberdade de ser corpo.

Quarantine, Ensaio Sobre Isolamento (2020)

Por isso, olhar com inocência os corpos que habitamos e que habitam este mundo.

O ego (o que envolve as percepções, representando a razão), segundo Freud, é uma projecção mental da superfície do corpo. E, por superfície, entenda-se a pele.

Qualquer que seja o estímulo na pele é, também este, um estímulo mental, segundo Esther Bick, que formula a hipótese da pele como o primeiro “continente” de contacto exterior para interior* (mas sobre a pele e o toque falarei na próxima Open Letter).

* DUVALL, Nádia - ABALO, As intermitência da pele. MultipleSkins Editions, 2020

Quarantine, Ensaio Sobre Isolamento (2020)

Em suma, importa olhar e pensar a relação corpo-pele como um veículo entre os mundos internos e os externos.

Quarantine, Ensaio Sobre Isolamento (2020)

Exercício-Convite

Desta vez, o convite é deixares o teu corpo falar contigo.

De forma intuitiva, deixa o corpo fluir ao som de uma música. Não importa a música, o importante é que seja uma que te permita conectares com o teu corpo, ouvir como se pretende movimentar. Se ajudar, presta atenção à respiração e deixa-te guiar pois ele sabe o que faz. Podes usar um espelho à tua frente ou simplesmente fechar os olhos. Observa como te sentes antes e depois. Escreve, se assim fizer sentido.

Se surgirem pensamentos que te impeçam de desfrutar do momento, tenta perceber porque surgem, mas não lhes dês demasiada importância.

Por fim, fica o convite para partilhares comigo o resultado deste pequeno exercício. Não há certos ou errados. Fico apenas curiosa para ler sobre a tua experiência.

O que te diz o teu corpo? Consegues observá-lo com um olhar inocente?

Sem título (2021)

“É por isso que não há nudez senão para olhar: porque temos corpos-rostos ou corpos-olhar, infinitamente porosos e permeáveis. Ora convidam a que os penetrem com o olhar, ora se couraçam com a sua nudez, fecham-se como um olhar que não deixa de adivinhar nada. Vestem-se enquanto ficam nus: é que a nudez é a passagem, abre a pele para o interior do corpo, para o invisível; e pode deter-se a diversos graus de profundidade.” *

* GIL, José - A imagem nua e as pequenas percepções, Lisboa: Relógio d’Água, 1996

Próxima Open Letter #3: O Toque do Corpo

Setembro

A energia feminina, independente do género, é aquela que nos permite entrar em contacto com as nossas emoções, com o corpo, com a intuição. É a energia que acolhe, que aceita, que conecta (interna e externamente) - é a que nos permite viver a nossa essência através do corpo.

Nesta Viagem no Feminino será criado um espaço seguro sustentado por mim e onde te irei guiar para que te conectes a ti, ao teu mundo interior, te re-vejas através do espelho que o outro é de ti e que te permitas ser vista/visto pelo olhar de quem procura ver-te na tua essência.

Estaremos envolvidas/envolvidos pela energia do cír·cu·lo, onde vamos ter vários momentos:

  • Abrir o círculo com momentos de partilhas e intenções

  • Momento I

    • Exercícios de conexão individual e em grupo

  • Momento II

    • Momentos de libertação através do movimento e da arte/fotografia*

  • Integração

  • Fechar o círculo com um espaço de partilha.

* Vou estar acompanhada pela minha câmera e, através do meu olhar, vou registar o teu momento de conexão mais profundo contigo. Nunca estarás sozinha/sozinho, porque estarei a sustentar este espaço e guiar-te nesta viagem.

São 3h de círculo, no dia 11 de Setembro, das 17h às 20h e está dividido em dois momentos. Ainda estou à procura do local ideal para nos receber, mas será em Lisboa/arredores e envio-te todas as informações mais perto da data. Depois deste momento, terás acesso a 11 fotografias em formato digital. O valor de 22€ é simbólico e servirá como doação pelo meu trabalho.

Terás a possibilidade de adquirir mais fotografias em formato digital, por 2€ cada e/ou em papel (tamanho 22x29cm, papel Hanhemuhle FineArtBaruta), por 35€.

Quero participar nesta experiência!

Podes ver as fotografias da última sessão aqui, mas lembra-te que cada momento é diferente e, por isso, o resultado diferente será. Espero por ti.

Jornada Fotográfica

  • Valor 160,00€

  • Duração até 2h30

  • 6 fotografias editadas em formato digital.

  • 1 fotografia à escolha impressa em papel (22x29cm).

Agendar

Datas disponíveis: 31 de Agosto & 1, 8, 9, 24, 25, 26 de Setembro

Podes seguir e acompanhar esta jornada por estas vias:

PATREON

Se sentires de apoiar e ver mais do meu trabalho, podes fazê-lo no Patreon.

Se só agora embarcaste nesta viagem, sê muito bem-vind@. Procura um lugar confortável e prepara-te para uma jornada de partilhas, de vulnerabilidade, autenticidade e essência.

A partir daqui farás parte da OpenLetter. Prometo que não será enviado spam, nem tão pouco te irei contactar todos os santos dias. O meu mote é a Fotografia com Intenção, por isso, também esta jornada será feita com intenção e consciência. Irei partilhar um pouco da minha história, desde o início da Fotografia na minha vida e de que forma é que ela foi transformada, assim como eventos que estou a organizar (sempre em torno da Arte e da Fotografia, em particular) ou exposições ou coisas belas e conscientes.

Espero que possas embarcar nesta viagem com o mesmo entusiasmo que eu. E se quiseres partilhar comigo a tua história - seja ela qual for - terei todo o gosto em ouvir-te. Podes enviar-me um email ou uma mensagem no Instagram.